Curiosidades - Flexibilidade


IMPORTÂNCIA: A flexibilidade aumentará a eficácia dos nossos ataques ao permitir um maior alcance ao movimento das nossas pernas, conseguindo maior raio de acção, tanto em altura (pontapés dirigidos a zona alta) como em profundidade (pontapés dirigidos a zona média e zona baixa). Esta qualidade a obteremos se localizamos o trabalho na zona da anca.

Outro aspecto salientável se refere a flexibilidade da coluna vertebral (tronco), que nos permitirá um maior equilíbrio nos pontapés altas, garantindo assim a segurança e continuidade indispensáveis, dado que uma posição forçada do tronco durante a execução dos pontapés nos reduz imediatamente a sua contundência.

Pelo exposto até agora poderíamos comparar a flexibilidade nas artes marciais de impacto com a longitude de uma arma branca em esgrima, permitindo uma considerável vantagem, da mesma maneira que um sabre avantaja um punhal, sendo ainda superior o desenvolvimento obtido nesta arte ou esporte, dado que se melhoramos esta qualidade podemos ajustar-nos a distância imposta: curta, média ou longa, e aquele que não a desenvolva só pode trabalhar em distâncias curtas e as vezes médias, com o qual reduz as suas possibilidades e exime aos seus adversários de ataques elevados ou profundos, centrando a sua defesa em ataques de percurso curto.

Outro inconveniente que tem ao não desenvolvê-la é o perigo de lesões musculares e tendinosas (puxões), e a obrigação de aproximar-nos ao adversário ainda em pontapés baixos (com o iminente risco que isto significa).

Se acrescentamos que a flexibilidade é um factor indispensável para que todos os nossos movimentos sejam ágeis e que hoje está considerada como qualidade física fundamental ou básica, deveremos prestar-lhe a atenção que se merece no treinamento.

Definição: é a qualidade de realizar amplos percursos articulares. é o produto obtido pela mobilidade articular, a elasticidade muscular (antagonista) e a força muscular (agonista).

Podemos dividi-la em dois grandes grupos: um, flexibilidade local, que atende a uma articulação; e o segundo corresponde a flexibilidade geral, que atende a todas as articulações.

Há que ter em conta uns factores que a determinam, e são: a herança, o sexo, a idade, a temperatura ambiente, a fadiga, o trabalho habitual, a relaxação, a hora do dia em que se trabalhe, estes factores podem beneficiar ou prejudicar a flexibilidade, conforme como se trabalhem.

Sistema de desenvolvimento: 1 fase: preparatória ou ginástica de articulações. Pretende fortalecer os ligamentos articulares e lubrificar a articulação em geral. 2 fase: desenvolvimento especializado. Pretende a máxima amplitude para os movimentos requeridos mediante a elasticidade muscular. 3 fase: manutenção.

Exercícios ou sistemas de treinamento para desenvolver esta qualidade são: lançamentos, ressaltos, pressões, movimentos mantidos e combinações dos anteriores.

As classes de flexibilidade são: dinâmica e passiva. A primeira, dinâmica, interna ou natural, se refere quando os responsáveis do movimento são forças externas, como companheiros, peso corporal próprio, acessórios ou implementos (halteres, lastros. ..). Conforme esta classificação, podemos dividir os sistemas de treinamento em dois grupos: dinâmicos: lançamentos e pontapés; e passivos: ressaltos com ajuda, pressões, mantidos (ioga) e combinações.

Podemos dividir a flexibilidade em dois grupos: flexibilidade total, que é a muita da amplitude de movimento de todas as nossas articulações, está pouco utilizada pela sua ambiguidade; e flexibilidade localizada é quando nos referimos particularmente a uma articulação em concreto, devendo-nos centrar naquelas em que a nossa especialidade marcial seja mais exigente.

A flexibilidade tem uns limites ósseos (articulares) que são imodificáveis e dependem da herança, de outros limites articulares dos ligamentos e das cápsulas articulares que são modificáveis com o treinamento, e a adaptação destes são o primeiro objectivo para o desenvolvimento desta qualidade, chegando as suas amplas margens na última fase do treinamento, residindo a sua vital importância na prevenção de lesões no início do treinamento; há uns terceiros limites que são musculares, tendo que ver com a elasticidade, são modificáveis e o seu desenvolvimento mais rápido é o ressalto, uma vez adquirida a elasticidade precisa, o esticamento mantido nos serve para não perder esta qualidade; e por último, os limites musculares agonistas ou da contracção só aparecem na flexibilidade activa.

PRINCIPAIS ASPECTOS QUE INFLUEM

Herança: as características genéticas condicionam em alto grau a flexibilidade, por isso devemos ter isso em conta a hora de colocar o nosso treinamento; qual é a nossa capacidade inata. Se temos em conta que a raça oriental possui maior relaxação articular que a ocidental, com um mesmo treinamento, um oriental e um ocidental não poderão conseguir os mesmos resultados.

Sexo: as mulheres possuem maior viscosidade muscular, o que permite em certa medida que se adaptem melhor ao trabalho de flexibilidade. No entanto, o homem realiza a partir da infância tarefas de força, o que lhe condiciona (a não ser que trabalhe simultaneamente a flexibilidade) a um encurtamento do músculo ao aumentar o tom muscular, sendo isto o que travará o percurso articular.

Idade: as crianças de curta idade possuem uma flexibilidade assombrosa devido as características do músculo infantil (grande índice de substância basal) e do osso jovem, o qual possui uma proporção de matéria orgânica elástica grande. Com o passo dos anos se vai perdendo a flexibilidade, até o ponto de que em idades avançadas, exercícios de grande intensidade neste área podem resultar prejudiciais. Recordemos que a substância basal do músculo vai decrescendo e o osso adulto, duro e rígido, com um esforço pode provocar fartura ou desarticulação. Só um trabalho planificado e centrado na puberdade (idade onde começa o declive desta qualidade) prolongaria o nível obtido quanto a amplitude articular. Para pessoas de certa idade é aconselhável o sistema de melhora utilizado em ioga, ou seja, a flexibilidade passiva e estática.

Temperatura ambiente: o frio inibe a flexibilidade e o calor a incrementa; isto é devido ao kimono da vascularização com o frio diminui para manter a temperatura corporal interna. Um sistema conhecido é o abrigar-se e em inverno pode utilizar-se a sauna.

Trabalho habitual: A vida sedentária reduz os percursos articulares e um trabalho de força muito intenso intoxica em certo grau, retirando elasticidade a musculatura.

Fadiga muscular: O alongamento ou estiramento muscular está limitado por um alto tom muscular e sobretudo por contracções provocadas pelo temor a lesão, nervosismo ou irascibilidade. Este factor, tão importante, pode regular-se mediante a relaxação consciente e provocada, acompanhada de um ambiente isento de ruídos estridentes, ansiedades e excitações angustiosas. O mais aconselhável é música suave e luz ténue e indirecta. Um sistema prático é atender (concentrar a nossa atenção) a respiração, preferivelmente abdominal, relaxando por "esquecimento" os mecanismos de contracção defensivos dos músculos alongados (sistema ioga). Outros preferem o banho de água quente, que relaxa o tom muscular. Nos dispõe para a flexibilidade, embora requeira realizar esforços não violentos até passadas umas horas ou depois de um aquecimento.

Hora do dia: Geralmente, as doze ou treze são horas nas que estamos mais flexíveis ou dispostos a flexibilidade, sendo a pior hora a de despertar-nos. a medida que decorre a tarde, a amplitude de movimentos se reduz, sobretudo se se realizou uma actividade física intensa.

Sistema de lançamentos: Consiste em procurar a máxima amplitude de movimento numa determinada articulação e nos seus diferentes planos, com a participação exclusiva das massas musculares implicadas na tarefa, sem ajuda de nenhum implemento ou companheiro. Neste método trabalha principalmente a elongação muscular e a força muscular, também o equilíbrio e a coordenação geral, estas em menor grau. Há que realçar que a partir de certo grau ou ângulo, a inércia provocada pelo lançamento inactiva os músculos, o que implica que devemos atender o fortalecimento da musculatura geradora do movimento. é um sistema de treinamento que atua sobre várias qualidades e possui grande aplicação com respeito ao pontapé, e deve utilizar-se nas etapas prévias as competições.